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Resumo: Crianças de Rio das Rãs, no sertão da Bahia, dizem o que fariam para o Brasil se fossem consultoras das candidatas e candidatos à presidência do país. Professores, famílias e outros adultos dessa comunidade falam sobre infâncias, quilombo e política. Sugestão: Leia um capítulo por dia
A merenda seria tão saudável e gostosa que teria brócolis todos os dias. A escola também teria um parquinho com escorrega e piscina. O Brasil iria cuidar da natureza, ter crianças alegres, nunca ia faltar água e todas as pessoas do país teriam amor e carinho. Essas ideias foram pensadas por William Batista, Miquéias de Santana, Anna Vitória de Souza e Josiane Oliveira, de 5 anos, e por Geisa dos Santos, de 6 anos, para as candidatas e os candidatos à presidência da República que vão concorrer nas eleições de 2022.
Se pudessem ser consultoras de quem vai governar o país nos próximos quatro anos, era isso o que as crianças diriam. Um consultor é um especialista em um assunto, assim como as crianças são especialistas em infâncias. De tanto saber, podem dar conselhos. As crianças que brincaram de ser consultoras neste especial são colegas na Escola Municipal Elgino Nunes de Souza, que fica no quilombo Rio das Rãs. Essa é uma comunidade na zona rural do município de Bom Jesus da Lapa, no sertão da Bahia.
Nas palavras de Miquéias, quilombo é uma escola. O lugar onde ele mora e o lugar onde estuda estão sempre se misturando. “Eu nasci aqui!”, brinca o menino, lembrando que sua mãe foi professora da Elgino Nunes e deu aula ali durante toda a gravidez. Por isso, Miquéias ia para a escola quando ainda estava dentro da barriga. Um quilombo ensina a história do Brasil que tantos brasileiros não aprenderam. Esse nome é dado a comunidades formadas a partir da resistência de pessoas, em sua maioria negras, que lutaram (e ainda lutam) pelo direito à terra, à liberdade e à cultura.
A Bahia é o estado do Brasil com o maior número de comunidades quilombolas, são 931. Dessas, 849 tem o certificado da Fundação Cultural Palmares, órgão do governo federal que faz esse reconhecimento. Rio das Rãs foi a primeira no país a ser reconhecida como quilombo, em 1995. Foi a primeira vez em nossa história que o artigo 68 da Constituição Federal foi aplicado. Este artigo, que faz parte do principal conjunto de leis do país, reconhece a terra como um direito das comunidades quilombolas que vivem nela.
Em Rio das Rãs, as crianças conhecem essa história, vivida por seus tataratataravós e também por seus pais, suas mães, seus tios e por elas mesmas. Ali moram 700 famílias, mas é como se fosse uma só e bem grande, com três mil pessoas. Todo mundo se conhece pelo nome e muitos têm o mesmo sobrenome. No pátio da escola, o muro está pintado como as páginas de um livro, onde se lê: “Rio das Rãs, lugar pequeno, porém de grande valor histórico e cultural”. Entre os desenhos, outro rio, o São Francisco, parece um mar de água doce, um dos elementos mais necessários para a vida daquele lugar.
O fato de não ter o documento provando não quer dizer que um povoado não seja um quilombo, mas que esse processo pode demorar. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), principal responsável pelos dados do país, o Brasil tem pouco mais de 6 mil comunidades quilombolas, sendo 3.500 com a certificação da Fundação Palmares.
Política no dia a dia
Antes de desenharem e de pensarem o que desejavam para o Brasil, as crianças da escola Elgino Nunes falaram sobre o dia a dia e a vida no quilombo. Pedro Henrique da Silva, de 5 anos, disse que acordava “na cor do sol”. Jislany dos Santos, também de 5 anos, ensinou que a bandeira de Rio das Rãs tem a letra Q, de quilombo. Os gêmeos João Victor e João Pedro de Jesus, de 6 anos, contaram que as crianças combinaram palavras mágicas com a professora. Na hora de falar, por exemplo, cada um tem que levantar a mão até chegar a sua vez.
Na entrada da escola, um cartaz avisa que a máscara ainda é obrigatória por causa da pandemia. Foram quase dois anos de portas fechadas. Raphael Nascimento, de 6 anos, não se importa de usar, pois sabe que a máscara protege do coronavírus. O que é ruim, então? “Ficar sem brincar. Se não pudesse mais brincar, eu ia sair escondidinho, ia embora e não voltava mais!”. Isaac de Souza, de 5 anos, concorda e, na hora do lanche, enquanto espera a cozinheira Joana Arcanjo servir o cuscuz, ele comenta outra regra: “Não pode cortar fila”.
Tudo o que acontece na Elgino Nunes tem a ver com política. A roda de conversa, o pega-pega no recreio, a falta do parquinho e as palavras mágicas, como por favor e obrigado, coladas na parede da sala. Durante as eleições, a escola se transforma em um colégio eleitoral, que é onde a comunidade vota. Kemilly de Jesus, de 5 anos, mostra a sala onde está a cabine de votação, uma caixa de papelão que protege a urna eletrônica. Se pudesse conversar com a futura presidenta ou com o futuro presidente, ela diria: “Façam com que todas as crianças possam ir para a escola”.
Invenção dos bichos
Bastou Miquéias dizer que tinha nascido na escola, e sua mãe, Andréa Batista, foi chamada para ficar como professora substituta da turma do filho no segundo dia de visita desta reportagem. A missão de Andrea era repassar com as crianças as letras e os números, além de nos ajudar na conversa sobre política.
A leitura de Eleição dos Bichos, feita depois do recreio, não estava empolgando a turma. Foi quando a pró sugeriu: que tal se Pedro Henrique contar essa história? O menino assumiu a contação bem na parte da campanha eleitoral, o que os humanos adultos estão vivendo exatamente agora no Brasil.
Mas, em vez de mostrar as propostas da bicharada para assumir o novo governo da floresta, Pedro, que tem o mesmo nome de um dos autores do livro, preferiu inventar. Em sua versão, o Leão acabava cozinhando um passarinho e atraindo a curiosidade de urubus e gambás. A turma se divertiu com a nova história e a professora ensinou: “Isso é liberdade de expressão”.
🎨 As crianças então desenharam as propostas para as candidatas e candidatos à presidência. Arielle Duarte, de 5 anos, sugeriu mais natureza, e fez uma galinha botando ovos. Priscila Nunes, de 6 anos, defendeu o direito à moradia e à brincadeira com a pintura de uma casa e de uma boneca. Luiz Eduardo dos Santos, de 6 anos, aproveitou a ideia da liberdade e desenhou mãos e pés, feitos a partir do próprio corpo e pintados com algumas cores da bandeira do quilombo.
Para pró Andréa, que viveu a infância em São Paulo, ver as crianças do Rio das Rãs pensando sobre política é uma chance de reescrever o tempo.
“Nos livros de história, passaram por cima da gente. Saber a nossa história faz a gente ficar mais crítico”, ensina pró Andréa Batista.
A terra é um direito
A terra é um tema muito importante para as crianças do Rio das Rãs, conta a professora Arlene Santos. Ela não é a pró de referência desta turma da educação infantil, mas quando está como substituta, faz questão de incentivar que as meninas e os meninos pensem sobre o assunto. “Para ter esta terra, teve que ter muita luta de nossos pais, avós e bisavós. Eu ensino isso, falo da luta para quem ainda não conhece”.
Quando era criança, Arlene entendeu que toda essa história era valiosa porque era também a sua própria história. Foi o que despertou nela a vontade de ser professora. Hoje, está concluindo o curso de pedagogia em Bom Jesus da Lapa e pretende continuar no quilombo quando se formar. “Quero que as crianças daqui conheçam e valorizem as nossas crenças e tradições, do jeitinho delas”, planeja a professora.
As famílias que foram viver em Rio das Rãs séculos atrás tinham com a terra uma relação parecida com a que um filho tem com a mãe, explica a coordenadora pedagógica Lanne Arcanjo. Já os fazendeiros viam a terra como uma mercadoria. Para os dois grupos, o chão tinha valor, mas de formas bens diferentes.
🌿 A briga durou 16 anos até que, em 1995, Rio das Rãs foi reconhecida como remanescente de quilombo. Remanescente quer dizer que esse lugar continua existindo e atravessou o tempo porque as famílias resistiram.
🔎 Uma curiosidade: a palavra quilombo vem da língua africana banto e significa fortaleza. Toda essa aventura virou a pesquisa com a qual Lanne se formou no curso de história, na Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Esse conhecimento, ela faz questão de passar para as crianças.
“Nós chamamos as pessoas que viveram essas aflições para virem aqui na escola conversar, e assim os meninos têm uma aula de história viva”. Durante as eleições, quando a Elgino vira um colégio eleitoral, Lanna trabalha como mesária. Os mesários são pessoas convocadas pela Justiça Eleitoral para receber os eleitores no dia das votações.
Ó o ônibus!
A história do quilombo fica cada vez mais viva quando as famílias participam da escola, defende a diretora Juvenice Vieira. Em 2022, crianças, professores, mães, pais, avós e tios se juntaram em um sarau com música, literatura de cordel e samba de roda – a cultura de Rio das Rãs. “Aqui já tem essa marca de as famílias trabalharem na escola, seja como professoras, seja na administração, na cozinha e na limpeza. É muito bonito que a educação aconteça nessa parceria”.
No tempo mais complicado da pandemia, antes da vacina e quando a escola teve que ser fechada, Juvenice bolou um jeito para que 250 crianças e adolescentes não ficassem sem estudo. Como o acesso à internet é difícil em Rio das Rãs, em vez de os estudantes frequentarem a escola pelo computador ou pelo celular, foi a escola que se deslocou até a casa de cada um.
Junto com o motorista Erginio Batista, Juvenice pegava o ônibus escolar e os dois iam de casa em casa levar as atividades. Depois, passavam para recolher. “Tudo o que a gente não queria era que elas perdessem esse direito”, diz a diretora. Erginio lembra o quanto a escola fez falta para as crianças. “Na primeira vez que fui buscar para elas voltarem, por onde eu passava, escutava a gritaria: Ó o ônibus! O ônibus da escola! Foi maravilhoso ver esse retorno”, conta o motorista. 🚌
A diretora caminha pelo pátio da escola onde está há 24 anos e mostra o muro-livro, com um poema de cordel sobre Rio das Rãs. Para Juvenice, quando as crianças conhecem a história do quilombo, passam a olhar para esse lugar com mais respeito. “Acho muito importante que elas saibam que antes não existia energia, nem ônibus, nem merenda, nem mesmo a escola. Em nossa história, tivemos educadoras como Nilza Rocha, que dava aula no quintal de casa, embaixo de um pé de árvore, para que os meninos não deixassem de aprender”.
Família na escola
Em uma comunidade pequena, é comum que as famílias trabalhem nas escolas. Na Elgino Nunes, há muitas mães, tias e avós nas mais diversas funções. Ednéia Nascimento, mãe de Raphael e de Miguel, de 4 anos, cuida da limpeza. Quando os filhos estão voltando para casa, na hora do almoço, ela vai para a escola, deixar tudo arrumado para as turmas que estudam à tarde. A casa dessa família fica bem em frente, é só atravessar a rua.
Foi na Elgino que Ednéia estudou e é onde ela vota em ano de eleição. “Aqui é muito bom de viver, tem lazer, não tem a violência que tem na cidade, a gente vive de cultura e os meninos estão crescendo conhecendo tudo na natureza”. Em casa, os adultos sempre estão falando de política, mas nem sempre com as crianças. Raphael, que acha que a presidência do Brasil é para cuidar da família, dá um jeito de entender essas conversas, especialmente as do bisavô Abílio dos Santos, que tem 94 anos e que até hoje faz questão de votar. 👴🏾
“Meu avô adora ‘prosar’ e Raphael é muito atento, se você der um deslize, ele te pega lá na frente”, brinca Ednéia. Foi assim que o menino descobriu que um vereador é o político que cria as leis de uma cidade. Conversando com a mãe e o bisavô, ele também aprendeu sobre a Associação Agropastoril e Quilombola do Rio das Rãs. Essa organização foi criada para defender os direitos da comunidade.
Quem conhece bem a Associação e toda a luta de Rio das Rãs é a merendeira da escola, Joana Arcanjo. Foi a neta dela, Ludmila Sousa, do 1º ano do Ensino Fundamental, quem convidou: “Vamos lá em casa ler este livro dos bichos e ouvir minha avó contar as histórias daqui?” A caminhada foi um pouquinho maior, mas em dez minutos, já estávamos na porta, vendo Bilu balançar o rabinho caramelo, todo feliz com a chegada das donas.
Pena que na Eleição dos Bichos não tem cachorro, pois Bilu pareceu um ótimo candidato. 🐶 Ludmila ouviu sobre a campanha eleitoral dos animais cheia de entusiasmo, quase como se aquela floresta imaginária tivesse se mudado para o sertão. Quanto à eleição dos humanos, fez questão de aconselhar: “Quem for presidente do Brasil deveria colocar um parquinho lá na escola e mais brinquedos, para a gente se divertir”. No futuro, ela também pensa em ser presidenta.
A avó ali ao lado já estava se divertindo ao ver a neta falar de um jeito tão sabido. Joana é pedagoga e passou em um concurso público para ser merendeira da Elgino Nunes há 19 anos. Na escola, ela também é mesária durante as eleições. Joana conta a própria história, cheia de desafios, como não ter onde estudar no quilombo quando era criança e de ter passado parte da infância indo para a roça, colher algodão. “Tudo o que a gente tem hoje é resultado de muita luta, por isso acho ótimo ver as crianças se interessando por política”.
Na casa de Cazumbinha
Rio das Rãs é terra de Cazumbinha, menina do cabelo de fogo (ou seria de boneca de milho?), que aprendeu a nadar engolindo piabas no Velho Chico e que tem um cavalo chamado Pensamento. Velho Chico é o apelido do rio São Francisco, um dos mais importantes da América e que atravessa o sertão da Bahia. Foi nas águas desse rio que a menina nasceu.
A infância de Cazumbinha mora em outro tempo, mas não podemos dizer que ela passou. A criança vive na escritora Meire Cazumbá e nas páginas de “Histórias da Cazumbinha“. Neste livro, Meire contou suas traquinagens de criança para as meninas e meninos que vivem no quilombo e os convidou a desenhar tudo isso: heróis vaqueiros, plantas que curam e brinquedos inventados. Na edição, os desenhos parecem ter sido feitos diretamente nas fotografias da artista Marie Ange Bordas. Uma boniteza de ver e de ler. 🪁
Foi na casa de Meire que a reportagem de “Política é Coisa de Criança” ficou em nossa visita a Rio das Rãs. Ela nos ajudou a entender o quilombo de ontem e o de hoje, o que aprendeu sendo criança e convivendo com crianças depois de adulta. “Se eu pudesse, ficava só com criança e com bicho. As crianças são um poço de sabedoria, todos os adultos deveriam escutá-las”, diz Meire, cercada por seus seis cachorrinhos. Ela ficou bem feliz por ter inventado um livro no qual as crianças de Rio das Rãs podem se ver e se reconhecer, mesmo tendo escrito coisas que aconteceram tantos anos atrás.
Outra alegria para essa autora é que as aventuras de Cazumbinha podem ser conhecidas por crianças e adultos de outros quilombos, de outras cidades e até de outros países. De que lugar você lerá este livro? “As crianças hoje estão mais instigadas a abrir os olhos para o mundo e a valorizar a diversidade, o que faz tudo ficar mais interessante”, observa a escritora. O plano é que Cazumbinha ganhe mais três edições, com narrativas sobre os bichos e as plantas de Rio das Rãs.
Meire, que tem uma profunda relação com a natureza, pensa em escrever também sobre um lugar que ia quando era criança, chamado “Reino”. Ali, havia todos os bichos que existem no Pantanal: tuiuiú, onça pintada, anta, ema. “Ficava perto da casa onde eu morava, mas os bichos foram embora com a chegada dos fazendeiros. Quero falar com os mais antigos daqui para saber o que aconteceu com o Reino”.🐆🐊🦥
Terra mãe de todas as outras
Foi na casa de Meire Cazumbá que conhecemos um dos moradores mais ilustres de Rio das Rãs: Simplício Arcanjo. O nome dele está no muro da escola Elgino Nunes, no trecho do cordel de dona Ivanir Rodrigues que fala sobre o direito à terra. E a terra, Simplício conhece bem. Ele é lavrador, ou seja, planta e colhe alimentos, e é uma liderança, um dos principais responsáveis pela luta para o reconhecimento dessa comunidade como um quilombo.
🌻 Uma curiosidade: Simplício é primo de Meire e da coordenadora pedagógica Lanne Arcanjo; irmão da merendeira Joana Arcanjo e tio-avô da estudante Ludmila Sousa. Viu aí que quilombo é família?
Se o muro da escola parece um livro, Simplício é a biblioteca do lugar. Ele conhece a história toda, de trás para frente, porque seus ancestrais estão nela e porque essa também é a sua história de vida. Desde menino, Simplício ouvia o avô contar sobre Rio das Rãs. Hoje, ele é o avô que traz uma sabedoria antiga: “Logo cedo, eu entendi que era como se a gente fosse fruto dessa terra”.
Simplício viveu muitos desafios em Rio das Rãs. Teve a roça derrubada por três vezes, atravessou a ditadura militar, tempo em que os governos queriam que as pessoas vivessem com medo, foi ameaçado e quiseram que fosse embora dali. Sabe o que ele fez? Ficou, trabalhou, estudou, conheceu os direitos e fundou a Associação Agropastoril – aquela sobre a qual Raphael aprendeu com o bisavô Abílio, lembra? Ele conta: “Quilombo é muito suor, muita luta. Mas quanto mais difícil era, mais a gente resistia”.
Quando a luta pela terra se tornou mais forte, Simplício começou a viajar para Brasília, a capital do país. Teve uma época em que praticamente morou na Fundação Palmares, estava lá toda semana. Em 1995, comemorou que Rio das Rãs foi o primeiro quilombo a ser reconhecido no país e virou referência. “O pessoal de fora todo chama aqui de mãe”, ele sorri. Em 2003, veio outra conquista. Naquele ano, o governo federal estabeleceu as regras para que os quilombos fossem reconhecidos. Isso está escrito no decreto nº 4887.
📃 Um decreto é uma norma que diz como a lei vai ser aplicada. Neste caso, o decreto se refere ao artigo 68 da Constituição Federal, sobre o direito à terra pelas comunidades quilombolas que vivem nela.
Simplício gosta de dizer que é simples e traz esse jeito de ser até no nome. “Tenho muito orgulho. Aprendi a respeitar, a conversar, do jeito simples da gente, e hoje sento na mesa com qualquer um, com os mais velhos, com as lideranças, com quem resistiu e não correu na hora do conflito. É muito importante saber que as crianças vão conhecer essa história, tanto as daqui quanto as de outros lugares”.